O problema da impunidade no Brasil não pode ser medido levando-se em conta sua população carcerária.
Para se medir o quanto a impunidade reina no país faz-se necessário saber sobre quem ela recai.
Segundo pesquisas, o sentimento popular é que cada espécie de crime costuma ter uma predominância quanto ao “tipo” de pessoa que os comete
De fato, os ricos e os poderosos, tanto do ponto de vista econômico quanto político, geralmente saem livres para continuarem com sua saga do mal.
Já quanto aos pobres, ocupamos o terceiro lugar no ranking de países com maior população carcerária do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e para a China.
Daí se indagar sobre quem recai a impunidade e o porquê. Para uma população de mais ou menos 210 milhões de habitantes, temos quase 800 mil presos.
Os crimes de tráficos de drogas e roubo geram mais encarceramento do que os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e outros considerados como crimes de colarinho branco.
Também as estatísticas demonstram que os pobres são presos antes da sentença condenatória, inclusive excedendo o tempo equivalente à pena que teriam se fossem condenados.
Outros pagam a fiança e nem chegam a responder a processo criminal; basta apenas ter dinheiro para contratar bons advogados ou conhecer gente importante.
Quando se pergunta por que, para alguns crimes, a lei não é aplicada, a resposta é que certas pessoas estão blindadas pelos cargos que ocupam ou pelo poder econômico de que são detentoras.
Quando olhamos para a dinâmica do nosso sistema prisional percebemos que o que ocorre acerca das penas alternativas é uma falácia, pois a prática revelou ser mais um instrumento voltado para se evitar a prisão do criminoso.
Quanto à corrupção, os que a praticam, quando ficam impunes, são capazes de qualquer atrocidade, pois a impunidade incentiva o criminoso à prática do crime.