ALTO COMANDO DAS FORÇAS ARMADAS: “PRECISAMOS SERENAR OS ÂNIMOS”

General da ativa Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo

A defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao AI-5, uma das medidas mais drásticas da ditadura, foi recebida com críticas e constrangimento por oficiais-generais do Alto Comando das Forças Armadas consultados pelo Estado. A avaliação é a de que não há espaço para se falar em ações extremas, pois o País vive em uma democracia e já possui instrumentos legais para conter eventuais excessos em manifestações como as que ocorrem atualmente no Chile. Procurado, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, não quis se manifestar sobre o assunto.

Após Eduardo pedir desculpas pelo comentário, o general da ativa Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo, usou as redes sociais para fazer um apelo. “Precisamos buscar serenar ânimos! Não podemos criar fantasmas onde não existe!! Opiniões não podem servir para distorcer os fatos ou potencializar diferenças políticas”, tuitou.

Oficiais-generais quatro estrelas afirmam ter visto nas declarações do filho “03” do presidente Jair Bolsonaro uma provocação à esquerda. Lembram que a radicalização no discurso é uma estratégia do deputado e até do presidente usada com frequência.

As manifestações nos países vizinhos são acompanhadas com atenção pelas Forças Armadas e a avaliação é de que, por enquanto, não há riscos de protestos semelhantes no Brasil.

O presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa, reverbera o pensamento dos comandantes de tropa e também avalia não haver mais espaço para AI-5 no Brasil. “Hoje, só cabe o que está na Constituição”, disse. “Para casos extremos que por acaso possam acontecer, como no Chile, a nossa Constituição é clara e prevê Estado de Defesa e Estado de Sítio, que poderiam ser decretados pelo presidente, mas isso precisaria de aval do Congresso.”

Questionado se a declaração de Eduardo causa constrangimento, o general negou. “O que A ou B fala é opinião de cada um. A liberdade de expressão é garantida a qualquer pessoa. Portanto, ele pode falar o que ele quiser”, completou o militar da reserva.

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