A “gripe espanhola” de 1918 foi causada por vacinas contra outras doenças?
“Gripe espanhola de 1918 foi causada por vacinas venenosas e com a obrigação de máscaras, auxiliando para acidificar o sangue, causar hipoxia e matar”, lê-se num dos posts em análise, partilhado no dia 5 de janeiro. Numa outra publicação, partilhada no dia 30 de dezembro, responsabiliza-se a vacinação, mas desta vez é dito que a “gripe de 1918 não era uma gripe” e que “foi causada por dosagens aleatórias de uma ‘vacina contra a meningite bacteriana’”. Estas afirmações têm algum fundamento?
Afinal, o que se sabe sobre a “gripe espanhola” de 1918?
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, a “gripe espanhola” de 1918 deu origem à pandemia mais grave da história recente. Com “genes de origem aviária”, o vírus infetou cerca de 500 milhões de pessoas e matou 50 milhões de pessoas.
O surto da “gripe espanhola” foi registado em Espanha, em maio de 1918, vários meses antes do armistício de 11 de novembro que acabou com a I Guerra Mundial. Nos EUA, “foi identificada pela primeira vez em militares, na primavera de 1918” e, de acordo com o CDC, “as condições de aglomeração e o movimento de tropas durante a Primeira Guerra Mundial provavelmente contribuíram para a propagação do vírus em todo o mundo”.
Havia vacinas na altura?
Em 1918, segundo um relatório do CDC, só existiam vacinas aprovadas contra a varíola, raiva, febre tifóide, cólera e peste. Apenas na década de 1930 foi estabelecido que a gripe é causada por um vírus (denominado influenza) – e não uma bactéria – sendo a primeira vacina contra a gripe desenvolvida na década de 1940 nos EUA.
No entanto, de acordo com a agência Reuters, é verdade que, em 1918, antes dos primeiros casos de gripe terem sido registados no Campo Funston (Kansas, EUA), foi realizado um ensaio de uma vacina contra a meningite para combater a bactéria Neisseria meningitidis no mesmo local. Um relatório publicado em julho desse ano, por Frederick L. Gates, Primeiro Tenente do Corpo Médico do Exército dos EUA, indica que a vacina experimental foi administrada a “cerca de 3.700 voluntários” e as doses “raramente causavam mais do que as reações locais e gerais mais suaves”, que incluíam “dores de cabeça, dores nas articulações e náuseas” e, em alguns casos, diarreia.
Porém, Donald Burke, epidemiologista da Universidade de Pittsburgh, disse à Reuters que “não havia forma de uma vacina contra a meningite contribuir para o início de uma epidemia de gripe”. Burke explica que a meningite é uma doença diferente, causada por um tipo de bactéria e não está geneticamente relacionada com a gripe. “A gripe é um vírus, um micróbio muito mais pequeno do que uma bactéria; são tipos de microrganismos totalmente diferentes que causam tipos de doenças totalmente diferentes”, aponta o especialista.
A meningite meningocócica, que causa inflamação em torno dos tecidos circundantes do cérebro, foi sempre uma das doenças transmissíveis mais graves entre os soldados. “Torna-se mais contagiosa quando os jovens estão juntos em quartos fechados, como dormitórios ou quartéis”, pelo que “os militares tinham uma boa razão para testar uma vacina contra a meningite”, disse Burke. Também não era raro investigar e testar vacinas nessa altura, dado que se tratava de uma era inicial da microbiologia. “A experiência da vacina meningocócica não foi um empreendimento científico invulgar, muitos ensaios de vacinas [bacterianas] estavam a decorrer em todos os Estados Unidos por volta de 1918”, conclui.
Como se explicam as consequências devastadoras causadas pela “gripe espanhola”?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) garantiu à plataforma de fact-checking “Correctiv” que “a vacinação contra outras doenças não levou à ocorrência do vírus influenza A-H1N1”. Sobre a causa da morte das vítimas da gripe espanhola, o assessor da OMS explicou, com referência a vários estudos (alguns de 1918), que os “cientistas presumem que a maioria das mortes durante a pandemia de 1918 a 1919 são devido a infeções bacterianas secundárias. O tempo médio desde o início da doença até a morte foi de sete a dez dias e muitas mortes ocorreram cerca de duas semanas após o início da doença, sugerindo pneumonia bacteriana secundária”.
Assim, a maioria das mortes desta pandemia deveu-se não só à gripe mas também a uma pneumonia bacteriana contraída em resultado do vírus da gripe. “As pessoas geralmente não teriam morrido devido à infeção bacteriana se os seus pulmões ainda não tivessem sido atacados por este vírus”, é o que diz Stephen Kissler – doutorado em Imunologia e Doenças Infecciosas pela Universidade de Harvard – à Reuters. Esta infeção secundária que se segue “tira partido dos danos que tinham sido causados pelo vírus”.
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